Perguntaram-me:
- O que é poesia?
- É escrever de noite ou de dia?
Penso que, até hoje, não sei!
Se acordo
Ela me deixa assim
A pensar como minha vida
Dentro da minha vida
Feito os filhos paridos de minhas entranhas
Feito as comidas ingeridas.
Os suores escorridos nos risos de minha criação
Igual a minha casa e sua arrumação
Meus pais e irmãos, amigos e situações.
Feito o morno tempo da minha Amazônia
A poeira de um chão de barro no interior
A canoa que cruza o rio em busca do pescado
A Mulher a lavar roupas no Beiradão.
O Bodó que cozinha no Tacho
A Farinha para o pirão.
E mesmo assim ainda respondo com uma indagação:
Isto é
poesia?
Poesia que até em sonhos vem e vão?!
Eu sou ignorante perante ela
Ela é sabia perante mim
Se sou a ela semelhante
O que seria dela sem mim?
P O E S I A
Poesia são as mães
Poesia é o entardecer na beirada do Rio
Espiar os botos a brincar
Oras comedor de peixe
Oras criança
Falando em línguas
Que eu nem sei pronunciar.
Quando vi poesia eu me despi de meu intelecto
Decidi parar de saber
Decidi estufar o peito de coragem
E falar poesia sem nada saber e nada entender
No Nada tem poesia
No Nada, ela nada.
Lá no Nada mergulhei
Pesquei, desafiei, ignorei
E na ignorância do Nada eu a encontrei.
POESIA
Companheira de horas
De tempos de felicidades
De tempos de tristezas
De tempos de maldade
De tempos de bondade
De tempos de idade.
Poesia ofertou-me
AUTENTICIDADE
Ela é quem une o passado e o presente
Predestinando o meu óbvio futuro
A MINHA VIDA
MINHA MORTE
do voltar ao
PÓ com e sem ÉTICA.
(T. de S.)
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