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Mostrando postagens de junho, 2023

A secura na boca

Faz tanto tempo que não escrevo. Será que as palavras esqueceram de mim? Em que momento elas foram saindo devagarinho de dentro do meu coração e dos meus pensamentos? Percebo que querem habitar outras partes do meu corpo. A inquietude delas fez a dor existir nos meus ossos.  Dor nos pés cansados de caminhar com elas por horas e em busca de um litro de lágrima que ficou perdida em meio a chuva torrencial no corpo da Amazônia.  A secura na boca empobreceu o vocabulário. Sem ditado, eu renunciei a complexidade dos textos eruditos. Meia palavra basta. Sem interesse para ouvir as conversas alheias, a crueza delas expôs todos os hipócritas de cabeça oca, vazia e sem brilho. As palavras sumiram na escuridão e ficaram quietas. Voltaram a dormir em mim sem papel, caneta e ilusão.